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Falta de proteção aos rios no estado preocupa a Abes-RS
A falta de proteção aos rios no estado causa muita preocupação para a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção Rio Grande do Sul (Abes-RS). O presidente da entidade, Darci Campani, reforça a necessidade, cada vez maior, de se implementar ações que tragam nova vida para os combalidos e poluídos cursos d’água que abastecem os gaúchos. Hoje, por exemplo, os rios dos Sinos, Gravataí e Caí ocupam a quarta, quinta e oitava posições no ranking dos mais poluídos do Brasil, de acordo com dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável do IBGE, respectivamente.
- É preciso ter uma política firme para salvar os nossos rios. Não podemos ver exemplos como a demora na criação de agências gestoras das regiões hidrográficas que já deveriam estar atuando na promoção de ações no saneamento ambiental nas bacias do Rio Guaíba, no Litoral e na região do Alto Uruguai. Se estivessem em funcionamento, poderiam fazer grande diferença no combate à poluição das águas - define Campani.
De acordo com o presidente da Abes-RS, a grande quantidade de recursos hídricos existente no Estado deve ser administrada com diretrizes, programas e ações que assegurem o seu uso múltiplo, o seu controle, a sua recuperação e a sua proteção.
- A implantação plena do sistema de recursos hídricos, que já tem 20 anos de vigência exercerá um papel fundamental neste processo. Elas irão arrecadar os recursos previsto nos planos, a partir da discussão feita com as comunidades instaladas ao longo das bacias. Define-se quem vai pagar, como será feita a distribuição destes custos e que obras serão feitas. Isso é ter planejamento, um fator essencial para a preservação dos nossos recursos hídricos. Infelizmente, a qualidade da água dos rios gaúchos se deteriorou mais ainda nas últimas décadas - destaca Campani.
O forte crescimento das cidades sem planejamento urbano adequado, despejou nos cursos d´água uma grande quantidade de lixo, esgoto urbano doméstico e resíduos industriais, resultando em poluição desenfreada.
Saneamento básico
A má qualidade da água que abastece milhões de gaúchos é fortemente influenciada pelo gigantesco volume de esgoto que é jogado nos rios. E, quanto mais esgoto não tratado é jogado no rio, maior a chance dos resíduos não se diluírem por completo e aumentarem a poluição. Levantamento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), aponta que, no Rio Grande do Sul, apenas 12% dos esgotos são tratados.
- É preciso universalizar a água com qualidade. É preciso que todos, governantes e cidadãos, se conscientizem da necessidade de contar com um saneamento básico que evite a poluição dos rios. É essencial que ocorra uma mudança de hábitos. Afinal, todos queremos tomar banho em praias limpas e consumir água de livre de impurezas, mas por que ainda tem muitas pessoas que se negam a ligar a rede de esgotos e separar o lixo? - questiona Darci Campani.
Para Campani, um dos pontos que podem modificar esta situação é a promulgação da Lei 11.445/07, que traz para o Brasil uma nova perspectiva, a necessidade de fortalecimento da cultura do planejamento. A imposição dos planos federais, estadual e municipais de saneamento concretiza um novo período, onde estão previstos recursos, e sua aplicação dentro de uma lógica de gestão, com o acompanhamento de metas a serem atingidas.
- É importante manter os níveis de investimentos. Mas para o setor como um todo, o grande desafio é realizar e implantar os Planos de Saneamento, mudando a cultura tanto de nossas autoridades como da população. Acho que devemos fazer investimentos, conforme prioridades a serem discutidas dentro de um planejamento. A população também deve entender que este planejamento precisa ser implantado, mudando a visão que a maioria de nós têm sobre como podemos usar os recursos naturais, como a água, por exemplo - aponta.
Especialistas internacionais apontam que quanto mais recursos forem aplicados em saneamento, menores serão os gastos com problemas de saúde. As doenças de veiculação hídrica são os grandes responsáveis pelos casos da demanda do Sistema Único de Saúde (SUS). Mais recursos para o saneamento, portanto, significa que os impostos estão tendo uma aplicação mais racional.