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Brasil joga fora 37% da água tratada; veja flagrantes do desperdício

13/02/2015 | ABES-RS

A primeira edição do Jornal Nacional, nesta semana, vai começar com o diagnóstico de um mal nacional: o desperdício de água, num momento em que as maiores regiões metropolitanas brasileiras passam por uma crise no abastecimento. Desperdício com vazamentos, desperdício com mau uso.
O pinga-pinga é o sintoma de uma doença que atinge todo o Brasil: o desperdício. Jatos d'água jorram das tubulações em Macapá. Ruas parecem rios, em Maceió e também em Cuiabá, onde a água sai pelo ladrão
Em uma rua do Recife aparece um chafariz. Em outra em Campo Grande, também. Em Goiânia, a água sobre a calçada é patrocinada pela empresa de saneamento. Em São Paulo, o cano furado dá a impressão de que sobra água.
No centro do Rio, o banho - um pouco mais modesto - é no hidrante, equipamento para uso dos bombeiros, mas à disposição de todos.
Os 160 funcionários de um call center da Companhia de Águas e Esgoto do Rio chegam a atender 60 reclamações por dia.
"O caso foi infelizmente uma pessoa que se deu o direito de tentar consertar um vazamento e prejudicou o abastecimento da própria rua”, explica Andréa Barros, atendente – CEDAE.
No ano passado, a Cedae consertou mais de 28 mil vazamentos. As equipes levam em média 48 horas para atender ao chamado e resolver o problema. Cada cano furado do Rio, portanto, passa dois dias jogando água fora.
“Nosso objetivo é baixar para que esse índice da perda física, propriamente dita, baixe num período de até 24 horas”, diz o diretor de Distribuição da Cedae Marcelo Motta.
O Rio de Janeiro produz cinco bilhões de litros de água tratada por dia. É o equivalente ao volume de duas mil piscinas olímpicas. Mas o desperdício é de 30%, ou seja, 600 piscinas de água limpa são jogadas fora a cada 24 horas.
Em um ano, o Rio consome apenas dois terços de toda a água tratada que produz. Isso significa que a quantidade de água que vai pelo ralo seria suficiente para abastecer a cidade por quase seis meses.
Paulo Canedo, professor de hidrologia, diz que os investimentos ainda são tímidos no Rio e no resto do país e responsabiliza vazamentos, medidores mal ajustados e outros problemas técnicos por um dado alarmante.
O Brasil joga fora 37% da água tratada que produz. Em países como Alemanha, Israel e Japão, esse índice é inferior a 10%: “37% é um número absolutamente vergonhoso”, afirma o professor COPPE-UFRJ.
No Amapá a perda chega a 76%. Em toda a região Norte, o desperdício passa de 50%. No Nordeste, a média é de 45%. No Sul 35% e no Sudeste e Centro-Oeste de 33%.
E tem ainda o desperdício que, segundo os especialistas, não entrou nesta conta. Ele vem dos maus hábitos de consumidores, que deixam torneiras abertas, tomam banhos demorados e usam mangueiras sem controle.
Além disso, é difícil estimar a perda causada pelo furto de água. Na Zona Oeste do Rio, um mercado de frutas e verduras era abastecido por uma ligação clandestina, conhecida como gato.
Segundo o professor, a gestão ineficaz e pouco transparente das empresas de saneamento estaria na base do problema.
“Eu diria que nós temos um problema sério com o nosso setor saneamento que é a falta de regulação, de um controle regulador, que coloque as empresas na direção de fazer de fato o saneamento. As empresas de saneamento existem, mas elas não têm foco em corrigir os problemas reais de saneamento”, ressalta o professor.
Na região metropolitana do Rio, Niterói conseguiu nos últimos 15 anos reduzir o desperdício de 40% para 17%. Investiu, comprou novos equipamentos e montou um laboratório que testa mais de mil hidrômetros por mês.
“Com a correta seleção do hidrômetro a ser instalado, a gente faz que o consumo medido seja justo, para empresa e para o cliente. E dessa forma você evita o desperdício”, explica a Mariele Albertini, resp. téc. lab. Águas de Niterói.
Com a mesma quantidade de água tratada, conseguiu atender 120 mil moradores que estavam fora do sistema de Niterói.
Para o Secretário Nacional de Saneamento, Paulo Ferreira, o problema só será resolvido com ajuda da população. “A Organização Mundial de Saúde fala que para você ter um nível confortável de vida com 100 litros por habitante por dia. Nós iniciamos qualquer projeto no Brasil com 200 litros por habitante por dia. Então há um espaço para que a população faça uma economia”, aponta o secretário.
A solução depende também das empresas de saneamento.
“As empresas vão ser desafiadas do ponto de vista gerencial, nas manobras das redes, elas são desafiadas a isso. Elas não vão ter alternativa. Então, vai ser um grande exercício de aprimoramento da gestão, do trabalho, e da dedicação das empresas de saneamento”, declara o secretário.

Fonte: G1 / Jornal Nacional

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