Fique por dentro
RS é pioneiro na criação de Câmara Temática Estadual que vai trabalhar na redução de perdas de água
Com o objetivo de unir forças no combate ao desperdício de água através de perdas, foi criado na tarde desta sexta-feira (03/10) a primeira Câmara Temática Estadual no Brasil. A atividade, promovida pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) seção Rio Grande do Sul, em reunião almoço na Federasul, trouxe especialistas no assunto para mostrar a importância da elaboração de ações que envolvem o poder público e a sociedade como um todo.
- O Rio Grande do Sul assume essa vanguarda para combater e ajudar a buscar tecnologias e metodologias para fazer com que os sistemas percam menos água. Queremos fazer com que o gaúcho use com mais sabedoria esse bem escasso que é a água - afirmou o consultor especialista na redução de perdas de água, Mário Augusto Baggio.
A média nacional de perdas de água é de 38%, índice considerado ainda muito elevado. O consultor especialista na redução de perdas de água, Mário Augusto Baggio, ressaltou alguns dos problemas atuais. Ligações clandestinas e fraudes proporcionam ineficiência no processo, tanto na parte de vazamentos como no hidrômetro domiciliar que as vezes é fraudado ou sofre envelhecimento colaborando para chegar a esse índice
Alguns estados possuem perdas de 20% e outros 60%. As regiões norte e nordeste possuem os piores índices o sul do Brasil possui o melhor quadro. As grandes perdas nacionais estão concentradas na região Amazônica e Nordeste. Na Amazônia há água em abundância e pouca gente e o inverso ocorre no Nordeste.
- A abordagem precisa ser feita sob três enfoques. O primeiro é o que se faz com os rios e mananciais, que as vezes são lembrados apenas quando estão "morrendo". É preciso uma mudança na gestão de recursos hídricos. A segunda abordagem é como a Corsan, por exemplo, deve operar o sistema para que ele não extravase e para que as perdas sejam as menores possíveis. A terceira abordagem é domiciliar. O que nós consumidores devemos e podemos fazer para usar racionalmente a água - completou Baggio.
O palestrante lembrou que países mais avançados do mundo tomam banho com chuveiros econômicos e se valem de torneiras econômica. Na Califórnia existem plantas de raiz profunda que não demandam muita água, usam-se bacias sanitárias de 5 a 6 litros, enquanto no Brasil estão sendo usadas bacias de até 14 litros. O reaproveitamento de água da chuva também é um aspecto considerado fundamental.
O engenheiro mecânico e coordenador da Câmara Técnica Nacional do Controle de Perdas e Eficiência Operacional, Pierre Ribeiro de Siqueira, destacou a importância
da criação de uma câmara técnica estadual para disseminar o conhecimento na área.
- A Corsan conta com boas práticas que podem ser aplicadas em empresas do norte do país e vice-versa. É preciso conhecer a realidade de cada estado e região. A boa operação depende de um controle histórico para ter o que comparar. A primeira coisa a ser feita é acabar o vazamento que não está visível e num segundo momento pensar em controlar a pressão através de válvulas redutoras de pressão. Havendo uma proteção nesse sistema, se tem a última variável que é a troca das redes que estão ultrapassadas - comentou.
Um dos desafios para os gestores da área é lidar com um sistema que está em funcionamento e que possui realidades muitos distintas entre um local e outro.
- Quando se faz um sistema novo, provavelmente tem-se uma infraestrutura moderna e com perdas muito menores do que o sistema que já está há décadas implantado. Então é preciso lidar com esses cenários - completou Pierre.
A Câmara Técnica Estadual será formada por profissionais e acadêmicos sócios da Abes inscritos voluntariamente ou indicados por empresas sócias homologados em reunião da Câmara Temática de Gestão de Perdas de Água e nomeados através de documento registrado em ata. A diretoria executiva da Abes-RS é responsável pela indicação, nomeação e destituição do coordenador e do secretário executivo para condução dos trabalhos. O objetivo é promover no mínimo 8 reuniões anuais para abordagem dos temas.