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Encontro em Campinas (SP) discute compostagem em escala industrial
Encontro em Campinas (SP) discute compostagem em escala industrial
A lei 12.305/10 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada pelo Decreto 7.404/10, e com a nova legislação anseia-se avanços a diversas questões ligadas à gestão de resíduos. Nos últimos anos muito se tem falado no tratamento e destinação de recicláveis, porém, a questão do resíduo orgânico chama a atenção para o seu enorme desafio em geri-lo. Esse foi o tema do 15º Encontro Técnico Internacional de Alto Nível, que tratou sobre a compostagem em escala industrial e ocorreu no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), nos dias 6 e 7 de outubro.
O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES – São Paulo), pela Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS) e pela Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo).
Representando o Consórcio PCJ, esteve presente o secretário executivo da entidade, Francisco Lahóz, que debateu com os organizadores políticas e iniciativas na área de gestão de resíduos sólidos.
A análise dos organizadores é que nos últimos anos muita atenção se deu para a destinação dos recicláveis, sobretudo o segmento de embalagens, quando há também um enorme mercado para o resíduo orgânico. “Muita coisa que é enviada para aterros sanitários não precisaria ir, poderia ser destinado para a produção de biomassa ou para a área de fertilizantes. Se nós podemos gerar renda, gerar recurso com coisas que iriam para o “lixo” por que não fazê-lo”, comentou o secretário executivo da Abisolo, José Alberto Nunes da Silva.
Durante o encontro, foram abordadas formas de melhorar o tratamento dado aos resíduos orgânicos, mas especificamente por meio da compostagem que é o conjunto de técnicas aplicadas para controlar a decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de obter, no menor tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais. “De acordo com estudos do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, no Brasil se produz entre 50 e 60% de matéria orgânica, portanto, um volume bastante significativo”, atentou o tesoureiro da AIDIS, Paulo Robinson da Silva Samuel.
O evento contou com participações internacionais como o americano Matthew Cotton, o austríaco Florian Amlinger e o colombiano Alejandro Restrepo. “A ideia de trazer palestrantes internacionais surgiu da necessidade de entender, por meio de comparações com sistemas diferentes, se o processo que estamos usando no Brasil é adequado ou não”, justificou Silva.
A Áustria, por exemplo, possui boas iniciativas em gestão de resíduos. A coleta seletiva lá, é realizada em três recipientes: um para orgânicos, outro para recicláveis (plásticos, papel) e um recipiente para rejeitos, quando todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem já tiverem sido esgotadas e não houver solução final para o item ou parte dele.
“Não é mais como a gente pensava até pouco tempo atrás que seriam necessários dois tipos de coletas de resíduos, ou seja, uma para orgânico e outra para reciclável. Agora, passa efetivamente ter a necessidade pela aplicação de três coletas: o orgânico, o reciclável e o não reciclável, também chamado de rejeito”, comentou o vice-presidente de planejamento da AIDIS, Darci Campani.
Com a coleta seletiva dividida nessas três modalidades, os austríacos conseguem um material para reciclagem de maior qualidade e com nível baixo de contaminação. A compostagem do orgânico transforma o resíduo num produto, ou seja, num fertilizante de qualidade. “É importante o estudos e registros dessas práticas para situarmos esse resíduo como um produto no mercado, que precisa confiar na regulação e na segurança desse fertilizante”, atentou em sua apresentação o austríaco, Florian Amlinger, que abordou temas como, “A compostagem em escala industrial na Europa” e “Mercado e comercialização dos fertilizantes orgânicos na Europa e seus benefícios agronômicos”.
A sensibilização da comunidade nesse processo é fundamental, ainda mais porque a coleta seletiva ainda não atinge a todos os municípios no Brasil, sobretudo com o esclarecimento sobre o que são resíduos recicláveis, orgânicos e, agora, rejeito, durante a separação dos materiais. E para isso é preciso dinheiro. “O aspecto econômico é um entrave político. A vontade política disponibiliza os meios econômicos. Existe ainda uma visão muito retrógada em relação ao que nós, na área de resíduos sólidos, conseguimos reverter em saúde, economia para os municípios, Estados e União, além de bem-estar para a população, mas para isso precisamos de recursos”, comentou Campani.
No âmbito das experiências nacionais, foram destacadas as iniciativas das cidades de São Paulo e Rio Branco, de já possuírem modelos de gestão e destinação dos resíduos, deram um passo além com o fomento a compostagem caseira. “Hoje, essa iniciativa se apresenta cada vez mais próxima da população, que não é nem sequer só separar direitinho o seu resíduo, mas sim, separar e tratar na sua própria propriedade. Temos que parar de discursar sustentabilidade, nós temos que começar a fazer sustentabilidade e a compostagem caseira é a sustentabilidade”, pontuou Campani.
O Consórcio PCJ tem estado sempre atento às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, trazendo novidades e capacitações sobre o tema com os municípios e empresas associados. No próximo dia 8 de novembro, a entidade promoverá em parceria com a Gaia Social o Seminário “Gerenciamento de Resíduos Sólidos e sua implementação na Prática”, que acontecerá no salão vermelho da Prefeitura Municipal de Campinas, a partir das 9h. mais informações pelo telefone (19) 3475 9403.
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